Outono da vida! - Norma Figueredo









Outono da vida!

Outono, recesso, tempo de espera, para encarar as primaveras da vida!
Sim porque no outono do existir, também desabrocham flores ...
Flores de sabedoria, coisa que só os muitos outonos vividos, podem nos propor!
Os cabelos brancos nem sempre significam o fim de um ciclo produtivo.
Nossos passos nossos movimentos podem estar mais lentos.
Porém nosso pensamento, continua  tão atilado como antes..
O outono da vida, é como uma estação de trem, uma parada.
Para reabastecer as emoções, e preparar o renascer, da primavera, dos sonhos!
Pois quem sonha acredita na vida!
Libera a  alma de poeta,que existe em nos, vibra quando contempla um por de sol.
E a chuva que cai de mansinho, molhando a alma, sedenta de  auroras...
E de flores  ainda orvalhadas, na manhã recém desperta!
Outonos da vida, que me viram passar aura de luz, olhar de sonhos...de todos os sonhos que um dia sonhei!
                                                  Norma Figueredo


Minha querida amiga Norma obrigada pela tua linda ARTE!
Te ofereço a minha DANÇA para alegrar tua talentosa ALMA!


As sem-razões do amor - Carlos Drummond de Andrade









As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
 Não precisas ser amante,
 e nem sempre sabes sê-lo.
 Eu te amo porque te amo.
 Amor é estado de graça
 e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
 é semeado no vento,
 na cachoeira, no eclipse.
 Amor foge a dicionários
 e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
 bastante ou demais a mim.
 Porque amor não se troca,
 não se conjuga nem se ama.
 Porque amor é amor a nada,
 feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
 e da morte vencedor,
 por mais que o matem (e matam)
 a cada instante de amor.

 Carlos Drummond de Andrade

A LIRA PALINÓDIA - Claudio Manuel da Costa




Claudio Manuel da Costa

A LIRA PALINÓDIA




Vem, adorada Lira,


Inspira-me o teu canto:


Só tu a impulso tanto


Todo o prazer me dás.







Já a alma não suspira;


Pois chega a escutar-te:


De todo, ou já em parte


Vai-se ausentando o mal.






Não cuides, que te nego


Tributos de outra idade:


A tua suavidade Eu sei inda adorar;





Desse perdido emprego


Eu busco o encanto amado;


Amando o meu cuidado,


 Jamais te hei de deixar.


Performance Centro Cultural De Novo Hamburgo

 
Vê, de meu fogo ardente,
Qual é o ativo império:
Que em todo este hemisfério
Se atende respirar.

O coração, que sente
Aquele incêndio antigo,
No mesmo mal, que sigo,
Todo o favor me dá.
Se tanto bem confesso,
Ou seja noite, ou dia,
Jamais essa harmonia
Espero abandonar.

Não há de a tanto excesso,
Não há de, não, minha alma
Desta amorosa calma
Meus olhos serenar.



Tecido e Natureza








Antífona - Cruz e Souza




Cruz e Suza
ANTÍFONA


Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmante puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...

Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ...

Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.

Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.

Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.

Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Todo esse eflúvio que por ondas passa
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...

Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...

Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte...




"Quem Sabe um Dia" Mário Quintana




Performance na Assembléia Legislativa


Mário Quintana
Quem Sabe um Dia 
Quem Sabe um Dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!

Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!

Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!

Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois